É Natal, é Natal. As lojas enchem-se de gente, os dentes rangem de frio, as iluminações animam as noites, a correria pelas prendas é cada vez maior, o cheiro desta altura do ano entra-nos pelas narinas e preenche-nos de espírito natalício... Tudo isto era lindo, se fosse verdade. A não ser o frio, não vejo mais nada do que enunciei anteriormente acontecer. As lojas estão vazias, as iluminações estão pobríssimas e repetitivas, já ninguém tem dinheiro para gastar em prendas, e cheiro a Natal... o que é isso? O único cheiro que sinto é o do bacalhau, e é o que está nos hipermercados à espera de ficar mais barato para ser comprado pelos pobres que desejam um simples Natal tradicional.
As televisões insistem na teoria de que as lojas, mesmo com a crise, estão a vender bem, mas a minha experiência pessoal diz-me que isso é uma grandessíssima peta. Parece um típico conto fictício de Natal...
“Era uma vez uma menina que foi a uma loja de brinquedos cheia de gente. Todos levavam carrinhos cheios de caixas e pagavam com notas grandes e cartões Visa. As empregadas davam entrevistas à televisão dizendo que este era o melhor Natal dos últimos anos...” Pára tudo! Já chega de ficção. Esta podia muito bem ser a história de “Alice no País dos Ricos”, e para quem vê os jornais das nossas televisões, Portugal corresponde exactamente às características desse país. Vivemos em dois mundos: o real e o televisivo. E mesmo que o que mostram seja verdadeiro, parece corresponder a uma realidade muito restrita e que se aplica a uma pequena minoria da sociedade portuguesa.
Sinceramente, gostava que tudo o que eu disse até agora tivesse sido também um conto de Natal, mas infelizmente é a triste realidade portuguesa que eu tenho esperança em que recupere. Um feliz Natal para todos!!
. Via de Sentido Único - Passagem Obrigatória